Cerca de 700 pessoas aproveitaram a manhã deste domingo (31) para visitar o Palácio da Liberdade, em Belo Horizonte. O tour guiado à sede do Governo de Minas acontece todos os meses, sempre no último domingo, e se tornou um dos mais aguardados passeios turísticos da cidade. A programação teve início pontualmente às 8h30 com a apresentação da Banda da Polícia Militar de Minas Gerais no coreto da Praça da Liberdade. Às 9h, os músicos retornaram aos jardins do Palácio para a tradicional solenidade da troca de guarda (inspirada na cerimônia inglesa do Palácio de Buckingham) e o hasteamento das bandeiras de Minas Gerais e do Brasil.

A bandeira nacional foi erguida por dona Delina Fernandes Pereira, uma senhora de 64 anos, olhos muito azuis e uma história de vida heróica de mulher brasileira. Trabalhadora rural da comunidade de Noivas do Cordeiro, em Belo Vale, Campo das Vertentes, ela foi indicada para a homenagem pelo Conselho Estadual da Mulher. Dona Delina mostra com orgulho os calos nas mãos e conta que só em sua casa vivem 57 pessoas da família, “mas aos finais de semana, lá moram até 120”. Para ela o convite foi uma surpresa. “Não acreditei que era possível para uma pessoa da roça receber assim tanto destaque e tanta honra no Palácio da Liberdade. Foi uma emoção e um orgulho muito grande, fora o medo de errar em um evento tão lindo e certinho”, destacou Pereira.

Ao final da solenidade, teve início a visitação guiada à cerca de 30 cômodos da sede do governo mineiro erguida pela Comissão Construtora da Nova Capital e inaugurada em 1897. O Palácio foi reaberto à visitação pública em maio de 2008, após quatro anos fechado para o mais completo processo de restauração desde a sua construção. Sob coordenação do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha/MG), todo o requinte do edifício foi resgatado, incluindo mobiliário, elementos artísticos e estruturas originais que estavam encobertas por paredes ou várias camadas de tinta. As surpresas e descobertas do trabalho de restauração são, inclusive, um dos mais curiosos momentos do passeio.

Em sua segunda visita ao Palácio, o aposentado Éder de Araujo, de 87 anos, achou que o prédio Palácio parece muito diferente – e para melhor - do que aquele que conheceu há mais de quarenta anos, durante o governo de Magalhães Pinto. “Ele foi muito bem restaurado, está ainda mais maravilhoso. É tudo tão bonito que nem dá para distinguir o belo do ainda mais belo”, brincou.

O trabalho final não é fruto apenas da restauração, mas também se deve a um trabalho diário de conservação que segue, há mais de 30 anos, sob o olhar cuidadoso da museóloga do Palácio, Conceição Piló. É ela quem coordena os passeios guiados e, inclusive, faz questão de sempre acompanhar ao menos o primeiro grupo de cada domingo. “Para mim, esse é um prazer muito grande e é um privilégio que o governador Aécio Neves faça questão de abrir o Palácio ao público. Para amar, o povo precisa conhecer esse lugar e tudo que ele representa”, explicou.

Riqueza

Durante o passeio, os visitantes puderam conhecer o Hall da Escadaria, toda fabricada na Bélgica em estilo art-nouveau e a imponência dos salões Nobre, Dourado, das Comendas, do Banquete, do Couro, da Rainha. A riqueza de detalhes do quarto do governador e seu piso da Escandinávia, em parquet, contrastam com a modernidade do Espaço Liberdade, um momento em que a interatividade reconta a história do Palácio e o processo de restauração.

A visita tem fim na Sala de Retratos, local que abriga as fotografias de todos os governantes de Minas Gerais e que traz de volta uma série de lembranças aos visitantes que buscam na memória fatos e histórias para cada ex-governador. A sala acentuou ainda mais o saudosismo de 32 senhoras, entre 56 e 80 anos, que faziam o passeio programado pelo centro de convivência que freqüentam. A coordenadora do grupo, Maria Lucas Martins explicou que, para elas, o tour era um momento de exercício da cidadania. “Cada uma delas vai vendo toda essa beleza e essa riqueza e entende com orgulho de que mais do que uma lembrança do passado esse espaço também as pertence”, disse Martins.

E realmente não foram só lembranças antigas que movimentaram o Palácio durante toda a manhã. A turma jovem também foi presença em peso, seja no grupo de 80 estudantes entre 12 e 15 anos que vieram de Varginha, ou espalhados em pequenos grupos familiares, como a turminha de Ereclydes Mendes. O brasileiro que trabalha em Angola programou o passeio há quase dois meses e aproveitou as férias em Belo Horizonte para levar cinco sobrinhos ao Palácio. Lucas, de oito anos, era o mais entusiasmado. “O passeio é muito legal, mostra várias coisas diferentes e bonitas. Gostei muito da sala de ouro”, contou.

Segurança do acervo

Antes do início do passeio, os visitantes que desejarem conhecer as belezas do Palácio da Liberdade devem seguir algumas normas para garantir a segurança do acervo. Após apresentar o documento de identidade e ser fotografado, os dados da pessoa ficarão registrados para o caso de novas visitas. É proibido o uso de filmadoras e máquinas fotográficas no interior do Palácio, assim como consumir bebidas ou lanches.

Os guias especializados explicam aos visitantes todas as regras, entre elas a importância de as mulheres não usarem sapatos de salto agulha durante o roteiro para evitar danos ao piso em parquet. A visita guiada é feita em grupos de até quinze pessoas, com duração aproximada de 15 minutos. Para grupos é necessário agendamento prévio. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone 3299-4068 ou por e-mail: cerimonial@governo.mg.gov.br.